terça-feira, 7 de junho de 2011

O Pesadelo de Ganoa

   Texto tirado do livro Cães Educados, Donos Felizes de Cesar Millan.
    Lori e Dan formavam um casal atlético e de aparência jovial na casa dos 40 anos. Quando cheguei confortável casa deles nos sentamos no quintal e Geneo se deitou aos meus pés. No instante em que descreveram o comportamento exagerado do animal e o que pensavam ser a "fobia" da cadela, senti certa inconsistência ali. A energia de Genea era perfeitamente calma, relaxada - aliás ela parecia totalmente equilibrada. a instabilidade devia estar vindo de algum outro lugar. Mas de onde?
   Percebi tudo quando perguntei ao casal em que momento o comportamento ruim ocorria. Dan disse: "Ocorre apenas quando eu ligo o compressor de ar" Naquele instante, percebi uma expressão diferente no rosto de Lori. Uma leve virada de olhos, uma rápida entortada de boca, só isso. É por isso que dizem que a linguagem corporal nunca mente! "De uns tempos para cá, tem acontecido até mesmo quando ele apenas entra na garagem. E ele tem passado muito tempo ali ultimamente! Ri pela maneira como Lori dissera "muito tempo". Aquilo, para mim, era uma conversa que a esposa estava tentando ter com Dan. A conversa foi interna, mas para mim ficou muito clara. Para mim,dizia: "Estou tentando lhe dizer isso há muito, muito tempo. Detesto quando você fica tanto tempo na garagem". Obviamente não sou psicologo, nem mesmo terapeuta de casais, mas acontece que, na maior parte, o que faço envolve trabalhar com os seres humanos para depois chegar ao animal. Com o máximo de educação que consegui demonstrar, perguntei a Lori como ela se sentia quando Dan ia para a garagem. Ela hesitou,pois agora não poderia fingir que estava tudo bem. Precisava ser honesta. Por fim admitiu que, sim, ficava chateada quando Dan passava o dia todo no trabalho, depois voltava para casa e passava mais tempo na garagem do que com ela.
Uau! Estava tudo ali, curto e direto. Lori estava furiosa com o marido, por ele passar todas as noites na garagem. Era tão simples. Dan, que não havia percebido os sinais, começou a rir de modo nervoso. Mas Lori percebeu na hora: "Quer dizer que Genoa está desse jeito por minha causa? Ela estava ofegante. "Isso mesmo", respondi. Era um situação clássica de "triangulo". A esposa escondia seus sentimentos de mágoa, ressentimentos, frustração e raiva. O marido ignorava a esposa para cuidar das motos e dos carros e, sempre que ela escutava o compressor, aquilo intensificcava seus sentimentos. A garagem e o compressor havia se tornado os rivais de Lori, competindo pela atenção do marido. Ela mantinha uma conversa irritada consigo mesma sempre que ele ia para a garagem - e Genoa "escutava" aquela conversa. Lori ia acabar explodindo um hora, mas por nove anos conseguiu guardar seus sentimentos para si. Porém a cadela, que só sabia  ser sincera em relação aos próprios sentimentos, havia explodido muito tempo antes. O compressor foi apenas o que faltava para Genoa, o gatilho - o que veio para marcar o momento em que todas aquelas emoções negativas, a raiva e a tensão surgiram na casa. E, como uma criança cujos pais estão sempre brigando a pobre Genoa estava tão sobrecarregada com os sentimentos ruins da dona que precisava correr e se esconder.
     quando fizemos essa descoberta, foi fácil resolver o problema de Genoa. Fomos para a garagem e Dan trabalhou com o compressor de ar. Usando pasta de amendoim para acalmar a mente da cadela, conversei sobre coisa agradáveis com Lori para distraí-la de seu ressentimento em relação às atividades de Dan na garagem. Trabalhei principalmente com Lori, tentando mudar sua opinião sobre a garagem. Apesar de a comunicação verbal ter ocorrido entre mim e ela, a energia modificada da dona passou diretamente para Genoa. Enquanto conversávamos, percebi que a tensão de Lori começou a sumir. ela finalmente havia tirado aquele segredo do peito, seu marido estava escutando o que ela tinha a dizer e isso fez com que ficasse aliviada. E, quando Lori mudou seus sentimentos a respeito da garagem. Genoa mudou - um espelho perfeito. O exercício todo demorou apenas dezesseis minutos, até que Genoa ficasse completamente relaxada. Depois, nos três discutimos de que maneira Dan poderia envolver Lori nas atividade da garagem, para que aquele fosse um local agradável para os dois.
                 Tal humano, tal cachorro
   A história de Lori, Dan e Genoa é um exemplo clássico de como nossos sentimentos influenciam diretamente nossos animais. e como eles se tornam espelhos de nossos sentimentos. De um jeito ou de outro, a maioria dos meus casos envolve algum elemento desse principio. Apesar de meus clientes amarem seus animais e lhe desejarem o melhor, diversas vezes os culpam por problemas em sua vida que estão tentando evitar ou sobre os quais não tem consciência. É como um chefe que culpa os funcionários por não serem autoconfiantes, quando, ao mesmo tempo, sempre vê defeito no trabalho deles. Não se pode ter as duas coisas. Assim como Lori e Dan, todos nós precisamos analisar nosso interior antes de podermos curar nossos cães instáveis. E não podemos fazer nada até admitirmos que existe um problema.

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